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FAMÍLIAS E PANDEMIA

Pais buscam alternativas para lidar com o estresse dos filhos

Mudanças de hábitos e de rotinas foram algumas das consequências desencadeadas pelo isolamento social atingiu adultos e crianças

Publicado em 02/08/2020 às 21:30

Mudanças de hábitos e de rotinas foram algumas das consequências desencadeadas pelo isolamento social atingiu adultos e crianças. A adaptação à nova realidade trouxe, entre outros fatores, consequências físicas e emocionais e, diante dos resultados, em especial estresse e ansiedade, os pais têm buscado alternativas para ajudar os filhos neste processo.

A psicóloga Vanessa Pavan, de 44 anos, explica que a mudança de rotina reflete no comportamento e no estado físico das crianças e até mesmo dos adolescentes. “As crianças gostam de explorar o mundo, realizam muitas experiências o tempo todo, mas como neste momento há muitas coisas restritas, em especial não poder ver os amigos de escola ou até os parentes, o estresse é desencadeado”, explica.

Outro ponto está ligado à questão da mudança da rotina, inclusive dos pais, que também se sentem cansados e estressados. “Os filhos precisam seguir um novo formato de estudo, sem um período de adaptação e sem preparação para a nova realidade”, comenta.

Quem tem vivido essa realidade desde o início da quarentena é a audiologista Andrea Eikmeier, de 43 anos, mãe da Olívia, de 10 anos, e do Vitor, de 17 anos. A filha mais nova tem sofrido mais com o estresse e com a ansiedade, principalmente quando o assunto é acompanhar as aulas e realizar as tarefas da escola e de casa, ambos no formato on-line. “A preocupação dela com as tarefas, de entender o conteúdo e passar de ano, ocasionou o estresse e a ansiedade. O tempo que eu fiquei em casa sem trabalhar, consegui auxiliá-la com mais frequência, mas mesmo assim, havia um desgaste de ambas as partes”, conta Andrea.

Para o filho mais velho, a situação foi diferente. O desgaste ocorreu pela interrupção das programações previstas para o último ano do ensino médio, como a formatura e a viagem com os amigos, porém a adaptação e a aceitação foram mais rápidas. Já Olívia, sua irmã, teve a rotina de sono influenciada, inclusive com pesadelos. “Quando a Olívia ia para a casa do pai, logo no início da quarentena, ela tinha muito medo de que decretassem o “lockdown” na cidade e que ela não pudesse voltar para casa ou que eu não pudesse voltar do trabalho para casa. Essa situação refletiu em pesadelos durante a noite, mas acredito que estavam ligados às informações e às notícias referentes ao vírus”, completa Andrea.

A farmacêutica Neiva Daiane Souza Rizzi, de 34 anos, notou que seus filhos, os gêmeos Lucas e Davi, de 4 anos, e a Rafaela, de 11 anos, estavam passando por esse momento de estresse através da mudança de ações e hábitos que não eram comuns antes da quarentena. “Às vezes os meninos brigam entre si, têm crises de estresse, ficam nervosos. Eu notei que o apetite deles têm aumentado, o que não acontecia antes. Já a Rafaela está mais ansiosa e sem paciência, além de ter ficado mais emotiva, mas acredito que o que tem influenciado também seria a fase de transição para a adolescência pela qual ela está passando. A mudança de rotina afetou eles diretamente”, diz Neiva.

As aulas por videochamadas propostas pela escola também foram um estopim para a ansiedade da filha Rafaela. “Ela é muito tímida, então ter que participar das aulas através das chamadas de vídeo, era algo muito difícil, ela não queria interagir”, completa a mãe.


COMO LIDAR

A psicóloga Vanessa orienta para que os pais se atentem à saúde mental deles e dos filhos e busquem reorganizar a nova rotina como forma de lidar e evitar o estresse dos filhos e deles próprios. “Nesse momento os pais têm que lidar com isso, pois não podem recorrer ao auxílio dos avós e dos tios por causa do isolamento social, então é necessário administrar a situação e buscar novas alternativas conforme as coisas forem acontecendo”, explica a especialista.

Ela lembra que os pais devem ficar atentos a qualquer mudança de humor ou de comportamento de seus filhos. “A criança pode apresenta irritabilidade, dificuldade para dormir, falta ou excesso de apetite. Podem, inclusive, desencadear momentos de agressividade, explosões e exageros na resposta afetiva e ainda birras”, diz a psicóloga.

Andrea conta que tem inovado para transformar esses momentos de tensão em descontração e afetividade. “Nós já acampamos no jardim, fizemos uma festa do pijama, montei uma piscina no nosso quintal. Eu tenho buscado formas de diminuir esses fatores de estresse, então me tornei mais maleável também, pois para nós, mães, não é fácil. Estou tentando ajudar a Olívia a conter essa situação de ansiedade. Eu, ela e o irmão estamos desenvolvendo momentos de cumplicidade, acolhendo um ao outro”, diz.

Já para Neiva, a forma de ajudar os filhos foi incorporar novas atividades à rotina dos filhos para que eles pudessem extravasar as emoções. “O que temos buscado fazer para permitir que as crianças se divirtam em casa e aliviem de alguma forma a ansiedade, é aproveitar mais os momentos ao ar livre, então fizemos algumas adaptações na casa. Colocamos uma balança no jardim e estamos aproveitando mais as áreas de lazer do condomínio. Reformamos as bicicletas e assim estamos aproveitando mais nosso tempo para dar apoio a eles”, reforça Neiva.

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