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SAÚDE

Tratamento e prevenção devem ir além do Setembro Amarelo

Psicóloga reforça necessidade de estar sempre atento aos sinais e importância da terapia

Publicado em 30/09/2019 às 05:57
Atualizado em

(Foto: Campanha Nacional/Divulgação)

Durante todo o mês de setembro podemos acompanhar as ações do Setembro Amarelo em todas as regiões do país. Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015. É uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida, do Conselho Federal de Medicina e da Associação Brasileira de Psiquiatria.

É importante lembrar que apesar do mês de setembro ter sido escolhido para reunir grandes ações contra o suicídio, é essencial que todos estejam sempre atentos aos sinais que indiquem que algum familiar, amigo ou colega de trabalho esteja passando por momentos difíceis.

A psicóloga Manuela Fiorin Juliani destaca a importância do Setembro Amarelo e reforça a necessidade de estar atento à qualquer mudança de comportamento. " O Setembro amarelo é extremamente importante para dar ênfase ao problema, porém a luta e o cuidado tem que ser diária! Mas, ter um momento de ênfase para tal situação, demonstrar cuidado, acolhimento e afeto, com certeza aumenta a chance de diminuir a taxa de suicídio e lidar melhor com os tabus que ainda existe", afirma.

De acordo com a especialista, de um modo geral os primeiros sintomas da depressão são: tristeza, desanimo, perda de interesse, alteração do sono e apetite, baixa auto estima e diminuição da concentração e foco. "Cada paciente apresenta uma demanda. Mas esses são sintomas mais comuns no primeiro momento. Por isso, quando sentir qualquer um desses procure imediatamente um profissional, você irá conseguir prevenir muito a sua patologia", explica.

Ela ressalta ainda que a depressão não tem cura, mas que quando acompanhado, o paciente consegue manter uma estabilidade emocional e continuar com sua rotina. Durante o tratamento é de extrema importância que o paciente faça terapias para desenvolver e conseguir conversar no consultório assuntos que em casa não se sente a vontade para falar.

 "A terapia é extremamente importante em toda a etapa da vida do ser humano, mas, mais ainda quando ocorrem essas patologias (depressão, suicídio..), em paralelo com o acompanhamento psiquiátrico. Auxilia muito no processo de entender a depressão, lidar com suas tristezas, bloqueios e traumas que possivelmente estão te levando a adoecer. Orienta o paciente a buscar alternativas para amenizar sua dor e sofrimento", comenta a especialista.

OMS alerta para adoção de estratégias de prevenção ao suicídio

Dos 183 países integrantes da Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas 38 pesquisados pelo organismo, entre eles o Brasil, contam com uma estratégia nacional de prevenção ao suicídio. Embora represente um aumento de quase 35% em comparação aos 28 países que, já em 2014, tinham estabelecido políticas públicas para lidar com o tema, o resultado ainda é considerado insuficiente pela OMS.

Em um relatório divulgado, hoje (9), véspera do Dia Mundial para a Prevenção ao Suicídio, a organização alerta sobre a necessidade dos governantes mundiais estabelecerem estratégias nacionais, instituindo medidas preventivas e orientações claras para auxiliar a população a lidar com o tema, que costuma ser encoberto por uma nuvem de preconceitos e incompreensão.

De acordo com a organização, uma pessoa se suicida a cada 40 segundos, no mundo. Número que, conforme destaca o relatório, não representa fielmente a realidade, já que, para cada morte devidamente registrada, há muitas outras tentativas e óbitos que não chegam a ser contabilizados como suicídios.

Segundo a OMS, apenas 80 dos 183 países-membros da organização dispõem de informações de “boa qualidade” sobre o tema, o que dificulta a elaboração de uma estratégia nacional eficaz. Ainda de acordo com a OMS, 79% de todos os casos mundiais se concentram em países de baixa renda – ainda que, por razões demográficas, as maiores taxas de casos por cada grupo de 100 mil habitantes tenham sido registradas nos países desenvolvidos e de maior poder aquisitivo, diz a organização.

Jovens

O autoextermínio já é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, atrás apenas dos acidentes de trânsito, segundo a OMS. Globalmente, se analisados os gêneros, o suicídio é a segunda causa de mortes entre meninas de 15 a 19 anos (depois de problemas decorrentes da maternidade) e a terceira entre garotos da mesma faixa etária (superada por acidentes de trânsito e por casos de agressão).

Após avaliarem experiências bem-sucedidas em diversas nações, os responsáveis pelo relatório apontam que as formas mais eficazes de reduzir o número de suicídios incluem medidas para dificultar o acesso a alguns meios de se matar; a sensibilização dos meios de comunicação sobre a importância de abordar o assunto da forma correta; a oferta de programas que ensinam os jovens a lidar com as frustrações e problemas cotidianos e a identificação de pessoas sob risco, oferecendo-lhe todo o apoio necessário.

Dentre as medidas, a OMS destaca as restrições ao livre acesso a pesticidas como a mais eficaz, já que a letalidade desses produtos é muito alta. Dados internacionais apontam que a proibição dos produtos mais perigosos à saúde humana contribuiu para a redução das taxas de suicídio em vários países, como o Sri Lanka, onde, segundo a OMS, uma série de medidas restritivas reduziram em cerca de 70% a taxa de suicídio, ajudando a salvar em torno de 93 mil vidas entre 1995 e 2015. Outra fonte de preocupação dos especialistas em todo o mundo é o acesso às armas de fogo.

Renda

A OMS ressalta que, embora a ligação entre suicídio e transtornos mentais, particularmente transtornos relacionados à depressão e ao uso de álcool, esteja bem documentada em países com renda elevada, muitos suicídios ocorrem impulsivamente durante tempos de crise que minam a capacidade de enfrentar as tensões da vida, como problemas financeiros, quebra de relacionamento ou dor e doença crônica.

Além disso, experiências relacionadas a conflitos, desastres, violência, abuso, perdas e sentimentos de isolamento estão intimamente ligadas ao comportamento suicida. As taxas de suicídio também são altas entre grupos vulneráveis sujeitos a discriminação, por exemplo, refugiados e imigrantes; comunidades indígenas; pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, intersexuais e presos.

Desde 2006, quando foi publicada a Portaria nº 1.876, o Brasil conta com diretrizes para a prevenção ao suicídio. A norma estabelece que as medidas devem ser implantadas em todas as unidades da federação e incluir, entre outras ações, medidas de promoção de qualidade de vida, de educação, de proteção e de recuperação da saúde e de prevenção de danos, a fim de fazer frente aos casos de suicídios, classificados como "um grave problema de saúde pública, que afeta toda a sociedade e que pode ser prevenido". 

No ano de publicação da portaria, o Ministério da Saúde apontava o "aumento observado na frequência do comportamento suicida entre jovens entre 15 e 25 anos, de ambos os sexos, escolaridades diversas e em todas as camadas sociais", como uma razão para a adoção de diretrizes nacionais.

(Agência Brasil)

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